ALZHEIMER
O que é doença de Alzheimer – DA ?
A doença de Alzheimer é a mais frequente forma de demência entre os idosos.
É caracterizada por um progresso irreversível declínio em certas funções intelectuais: memória, orientação no tempo e no espaço, pensamento abstrato, aprendizado, incapacidade de realizar cálculos simples, distúrbios da linguagem, da comunicação e da capacidade de realizar as tarefas cotidianas.
Outros sintomas inclui mudança da personalidade e da capacidade de julgamento.
Atualmente pode ser diagnosticada, para fins de pesquisa, antes mesmo que o paciente apresente demência com incapacidade de realizar com independência as atividades básicas e instrumentais do dia-a-dia.
Demência
Demência é um grupo de sintomas caracterizado por um declínio progressivo das funções intelectuais, severo o bastante para interferir com as atividades sociais e do cotidiano.
A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência. A segunda causa mais frequente de demência e a demência por múltiplos infartos cerebrais, uma série de pequenos derrames.
A demência pode ocorrer a partir também de outras doenças do sistema nervoso domo a doença de Parckinson.
Demência Senil
Demência senil é um termo ultrapassado que foi usado para definir demências que ocorriam em idosos.
Alzheimer no Mundo e no Brasil
Estima-se no Brasil 1 milhão e 200 mil pessoas. O número de pacientes é estimado em 35,6 milhões no mundo.
Em razão do envelhecimento da população global, esses números aumentarão significativamente, em 2030, serão 65,7 milhões em 2050, 115,4 milhões de portadores, sendo dois terços deles em países em desenvolvimento.
Qual a idade da maioria das pessoas com doença de Alzheimer?
Na maioria das pessoas os sintomas iniciam a partir dos 60 anos de idade. Cerca de 5% das pessoas com idade entre 65 e 74 anos tem a doença, mas quase a metade das que tem 85 ou mais são acometidas.
Normalmente o diagnóstico é feito pelo menos um ano depois dos primeiros sintomas que costumam ser leves e confundidos como “normais” no envelhecimento.
O que causa a doença de Alzheimer?
Não se conhece exatamente qual a causa da doença. O que se sabe é que a doença desenvolve-se com o resultado de uma série de eventos complexos que ocorrem no interior do cérebro. A idade é o maior fator de risco para a doença,. Quanto mais idade maior é o risco.
Se uma pessoa da minha família tem Alzheimer, eu tenho maior risco de ter a doença?
Ter um familiar com Alzheimer aumenta o risco duas ou três vezes na forma esporádica, mas não há como prever se a doença irá ocorrer.
O que é doença de Alzheimer familiar e esporádica?
Existem dois tipos de doença de Alzheimer; familiar, que ocorre em adultos jovens e parece ter um caráter hereditário importante, e a forma esporádica, na qual o fator hereditário não é óbvio.
Aproximadamente apenas 5% da doença de Alzheimer é familiar e 95% esporádica. Na forma familiar da doença de Alzheimer, vários membros de uma mesma geração são afetados. Na forma esporádica a doença desenvolve-se a partir de uma grande variedade de fatores que os cientistas ainda estão tentando determinar.
Fora a genética, que outros fatores contribuem para que a doença se desenvolva?
Se bem que a causa da doença de Alzheimer ainda não esteja completamente esclarecida, alguns pesquisadores sugerem que traumas cranianos repetidos, especialmente os com perda da consciência no passado, processos inflamatórios cerebrais e o chamado “estresse” podem estar envolvidos na causa da doença.
São Homens ou Mulheres mais afetados?
Mais mulheres do que homens têm a doença de Alzheimer. Porém, como a expectativa de vida das mulheres é pelo menos 5 anos superior a dos homens não se sabe se o risco está no gênero ou no fato das mulheres viverem mais do que os homens.
Fatores de risco do Alzheimer
A idade (envelhecimento) é o fator de risco mais conhecido e importante para a forma esporádica da doença de Alzheimer.
Outros possíveis fatores de risco têm sido estudados, porém com pouco resultado prático, como: exposição ou ingestão de substâncias tóxicas como o álcool, chumbo, alumínio, e solventes orgânicos, medicamentos diversos, trauma craniano, exposição à radiação, estilo de vida, estresse, infecções, doenças imunológicas, câncer, altos níveis de colesterol e de homocisteína, a obesidade e o diabetes, baixo nível de escolaridade etc.
É verdade que a falta de vitaminas pode causar Alzheimer?
O déficit de certos nutrientes é causa de outras formas de demência e não Alzheimer.
O nível educacional está relacionado com o risco de se ter doença de Alzheimer?
Acredita-se que quanto mais estimulada intelectualmente a pessoa for, desde a infância, maior será a rede de conexões interneurais, promovendo um tipo de “poupança” que ira retardar, no futuro, o aparecimento da sintomatologia (neuroplasticidade).
Pesquisas sugerem que quanto maior o número de anos de educação formal que uma pessoa tem, menor é a chance dele desenvolver a doença quando for idoso.
Palavras cruzadas previne a doença?
Alguns estudos sugerem que manter uma atividade intelectual, como fazer palavras cruzadas, por exemplo, pode reduzir a probabilidade de se adquirir a doença de Alzheimer, enquanto outros afirmam que ser mais escolarizado confere ao paciente maiores para contornar as limitações cognitivas típicas da enfermidade.
A alimentação pode proteger contra a doença?
Não há consenso sobre essa forma de proteção. Alguns estudos sugerem que a chamada “Dieta do Mediterrâneo” teria essa propriedade. Uma dieta saudável é fator de proteção comprovada em várias doenças, especialmente as cardiovasculares relacionadas com a aterosclerose.
Existe uma vacina contra a doença de Alzheimer?
Não há uma vacina desenvolvida para a doença de Alzheimer. Essa abordagem está sendo investigada e é muito promissora. A vacina estimularia o sistema imunológico para reconhecer, detectar e evitar a formação das placas neuríticas e da deposição de amiloide, substância tóxica para os neurônios.
Sintomas da doença de Alzheimer
A doença de Alzheimer é uma enfermidade progressiva e os sintomas agravam-se à medida que o tempo passa. Mas é também uma doença cujos sintomas, como gravidade e velocidade variam de pessoa para pessoa.
Os sintomas mais comuns são:
- Perda de memória, confusão e desorientação;
- Ansiedade, agitação, alucinação, desconfiança;
- Alteração da personalidade e do senso crítico;
- Dificuldades com as atividades da vida diária, como alimentar-se e banhar-se;
- Dificuldade em reconhecer familiares e amigos;
- Dificuldade em tomar decisões;
- Perder-se em ambientes conhecidos;
- Inapentência, perda de peso, incontinência urinária e fecal;
- Dificuldade com a fala e a comunicação;
- Movimento e fala repetitiva;
- Distúrbios do sono;
- Problemas com ações rotineiras;
- Dependência progressiva;
- Vagância.
Existem fases ou estágios na doença de Alzheimer?
Existem 4 fases:
Na fase inicial os sintomas mais importantes são:
- Perda de memória, confusão e desorientação;
- Ansiedade, agitação, ilusão, desconfiança;
- Alteração da personalidade e do senso crítico;
- Dificuldades com as atividades da vida diária como alimentar-se e banhar-se;
- Alguma dificuldade com ações mais complexas como cozinhar, fazer compras, dirigir, telefonar;
Na fase intermediária os sintomas da fase inicial se agravam e também podem ocorrer:
- Dificuldade em reconhecer familiares e amigos;
- Perder-se em ambientes conhecidos;
- Alucinações, inapetência, perda de peso, incontinência urinária;
- Dificuldades com a fala e a comunicação;
- Movimento e fala repetitiva;
- Distúrbios do sono;
- Problemas com ações rotineiras;
- Dependência progressiva;
- Vagância;
- Início de dificuldades motoras.
Na fase final:
- Dependência total;
- Imobilidade crescente;
- Incontinência urinária e fecal;
- Tendência em assumir a posição fecal;
- Mutismo;
- Restrito a poltrona ou ao leito;
- Presenças de úlceras por pressão (escaras);
- Perda progressiva de peso;
- Infecções urinárias e respiratórias frequentes;
- Término da comunicação.
Na fase terminal:
- Agravamento dos sintomas da fase final;
- Incontinência dupla;
- Restrito ao leito;
- Mutismo;
- Úlceras por pressão;
- Disfagia com a necessidade de alimentação enteral;
- Infecções de repetição;
- Morte.
Diagnóstico de Alzheimer
Não existe um marcador biológico que confirme a doença. O diagnóstico é feito por exclusão de outras enfermidades que apresentam sintomatologia parecida.
Vários instrumentos clínicos são usados para se chegar ao diagnóstico: uma história médica completa, testes para avaliar a memória e o estado mental, avaliação do grau de atenção e concentração e das habilidades em resolver problemas e nível de comunicação.
Testes laboratoriais, como exames de sangue e urina são usados para excluir outras causas de demência, algumas delas passiveis de serem curadas.
Exames de imagem como a tomografia computadorizada, ressonância nuclear magnética, spect e pet, são utilizados para determinar o tipo de demência.
A doença de Alzheimer só pode ser diagnostica com certeza através do exame microscópico do tecido cerebral por biópsia ou necropsia.
Grandes pessoas conversam sobre ideias.
Pessoas médias conversam sobre coisas.
Pequenas pessoas conversam sobre outras pessoas.
Qual o nível de certeza do diagnóstico clínico?
Médicos experientes em doença de Alzheimer fazem o diagnóstico correto em cerca de 90% dos casos.
Avaliação neuro psicológica
Dentre as características da doença de Alzheimer, o comprometimento cognitivo gradual de evolução lente acaba por afetar globalmente as funções cognitivas específicas, configurando um caso afásico, apráxico, agnósico, e amnéstico. Assim, é necessário que um estudo integral avalie a linguagem, a coordenação motora, as condições perceptivas sensoriais, a capacidade de abstração, o raciocínio, a atenção, o cálculo e a memória.
Uma investigação completa demanda a aplicação de vários testes para que se avalie adequadamente, tanto do ponto de vista qualitativo como quantitativo, o estado cognitivo de cada paciente. Isso permite não só estabelecer o estado atual, mas também auxiliar o diagnóstico diferencial e oferecer um instrumento mais preciso para avaliar as alterações futuras ou positivas.
Porque o diagnóstico precoce é tão importante?
Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, maiores serão as chances de tratar os sintomas corretamente, retardando a evolução da doença.
A partir do diagnóstico quanto tempo uma pessoa com Alzheimer tem de vida?
Pessoas com a doença de Alzheimer podem viver por muitos anos e, frequentemente, morrem de pneumonia. A duração da doença pode ser de 20 anos ou mais. A média de vida varia 4 a 8 anos.
Por que as pessoas com a doença de Alzheimer costumam morrer de pneumonia?
A pneumonia é uma das principais causas de morte em pacientes com doença de Alzheimer. O principal fator se relaciona com a idade, uma vez que a maioria das vezes as pessoas acometidas são idosas. O sistema imunológico normalmente está comprometido, facilitando a ocorrência de infecções, especialmente as respiratórias e urinárias. A manutenção de um bom estado nutricional e do nível de hidratação desempenha um papel decisivo na prevenção dessa afecção. É imperioso que esses pacientes esteja bem nutridos seja com uso de suplementos ou com medidas dietéticas eficazes.
A questão da comunicação se soma a esses fatores, uma vez que podem não se queixar de frio, fome, sede etc. Nas fases mais adiantadas o paciente se movimenta menos, os sintomas motores começam a aparecer e a imobilidade propicia a instalação de infecções pulmonares, muitas vezes fatais.
Esse fato demonstra a importância dos cuidados gerais uma vez que essa complicação pode ser evitada na maioria dos casos.
A doença de Alzheimer tem cura?
Não existe nenhum medicamento que garanta a cura ou que interrompa definitivamente o curso da doença de Alzheimer.
Como a doença de Alzheimer é tratada?
Uma parcela dos doentes, especialmente nas fases iniciais e intermediárias, pode se beneficiar dos medicamentos específicos para o tratamento da DA.
Atualmente, a base da estratégia terapêutica está alicerçada em três pilares: retardar a evolução, tratar os sintomas e controlar as alterações de comportamento.
O que são medicamentos específicos?
Existem dois grupos de medicamentos específicos:
Os anticolinesterásicos e um antagonista dos receptores de glutamato (MEMANTINA).
O que são anticolinesterásicos?
O tratamento colinérgico visa melhorar a transmissão colinérgica em nível cerebral.
O nível de acetilcolina (neurotransmissor decisivo no desempenho cognitivo) está diminuído na doença de Alzheimer (DA) ou por diminuição de produção ou por excessiva destruição pela ação da enzima acetilcolinesterase.
Dessa forma, os simtomas poderiam ser melhorados com o uso de egonistas (estimuladores) colinérgicos ou por inibidores colinesrásicos, ambos aumentando a atividade colinérgica.
As três doenças com propriedades anticolinesterásicas aprovadas para o tratamento específico são:
Qual a importância da atividade física no tratamento?
O exercício físico é salutar a todos os indivíduos, porém é uma atividade especialmente indicada para os pacientes com demência. É interessante notar como os pacientes, de modo geral, apreciam os exercícios físicos. Os benefícios dessa atividade não se restringem aos aspectos físicos, pois melhoram em muito o estado de espírito do paciente e também no cuidador.
Uma atividade física bem orientada, que considere as limitações de cada paciente, proporciona bos flexibilidade articular, melhora a circulação e o funcionamento intestinal e consome o excesso de energia, combustível responsável muitas vezes por crises de agitação e agressividade.
FONTE: Dr. Norton Sayeg
Médico especialista em Geriatria e Gerontologia.
Presidente Fundador da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz) – 1989.
Presidente Nacional da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – 1998
Alois Alzheimer, neurologista alemão que primeiro descreveu essa patologia (1864 -1915)
Foi em um sábado, 3 de novembro de 1906 em Tübingen por ocasião do 37o Encontro de Psiquiatras do Sudeste da Alemanha (South – West – German Society of Alienists), que Alois Alzheimer apresenta o caso que iria dar início a uma das maiores descobertas da medicina.
Angloin
A progressão da doença no cérebro
As placas e emaranhados (mostrados nas regiões sombreadas em azul) tendem a se espalhar por todo o córtex em um padrão previsível de acordo com o avanço da doença de Alzheimer.
A velocidade de progressão varia muito. As pessoas com Alzheimer vivem, em média, oito anos, mas algumas pessoas podem sobreviver por até 20 anos. O curso da doença depende, em parte, da idade da pessoa quando a doença foi diagnosticada e se a pessoa possui outros problemas de saúde.